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segunda-feira, 30 de março de 2009

Mãe Vera Lucia de Ogum





















Tive a sorte de crescer dentro de uma casa de “batuqueiro”. Na casa de religião de meu tio e pai de santo, o Babalorixá Genercy de Xangô, cujas raízes remontam ao grande Pai Tati de Bará Lanã. Lá eu comecei a conhecer os deuses africanos e cultuá-los. Nossa bacia é de cabinda, pura, como dizem nesses dias...Quem já não escutou a estória de que quando o Pai Tati tocava, ele hasteava uma bandeira vermelha, nos altos da casa em que morava e todo Porto Alegre comparecia?Assim apaixonei-me pelos orixás e comecei meus ensinamentos, anos a fio, adquirindo os fundamentos nas conversas com meu Babá, até mesmo enquanto trabalhava nos dias de toque em sua casa, sempre aprendendo.Sou filha de OGUM, este grande orixá guerreiro que me encanta e fascina todos os dias. Adoro a religião, o toque do tambor, fazer as comidas dos orixás, de sentir o cheiro das ervas de mieró, de poder participar do nascimento de um filho de santo, enfim sou apaixonada por tudo que envolva a religião africana.Tenho fé em todos os orixás, mas OGUM vem em primeiro lugar. Tudo o que eu quero, peço a esse orixá e ele me socorre. Para mim, OGUM é tudo! OGUM é meu pai, meu mestre, meu amigo, meu guia, minha luz. OGUM é o orixá que sempre vence as demandas para as pessoas. É extremamente batalhador e não mede esforços para atingir seus objetivos. E mesmo contrariando toda a lógica, ele luta insistentemente e vence! OGUM é um dos orixás mais populares no Brasil, ele tornou-se conhecido sobretudo como deus da guerra, sendo sincretizado na Bahia com Santo Antônio de Pádua e nos outros Estados, especialmente o Rio de Janeiro, com São Jorge. A correspondência de santos católicos com os orixás africanos, foi a maneira que os negros escravos descobriram para livrar-se dos castigos e perseguições dos seus senhores e de padres que tentavam impor-lhes a crença católica. Para esconder os orixás africanos, os negros colocavam sobre os fundamentos desses orixás, imagens dos santos católicos e assim fugiam da ira de seus senhores, conseguindo cultuar nas representações os deuses africanos. A partir desse sincretismo, as pessoas jamais deixam de invocar a proteção de Ogum,o santo guerreiro vencedor de demanda ,seja diretamente ao orixá ou na forma de São Jorge, o santo guerreiro do catolicismo. Jorge da Capadócia cuja festa é comemorada em 23 de abril, nos lembra que sempre temos algum desafio a vencer nesta vida, seja nosso orgulho, nosso egoísmo ou mesmo os problemas que nos afetam no dia-a-dia. Como ele, devemos permanecer fortes e corajosos, independente dos desafios que a vida nos traga. Jorge, ou melhor, OGUM , é o guerreiro vencedor de demandas que apóia os homens em momentos de dificuldade. Aqui no sul o sincretismo religioso também associa OGUM a Santo Expedito. Este santo é popularmente considerado o santo das causas justas, urgentes e de difícil solução. Sua festa é comemorada no dia 19 de abril. Normalmente representado vestido como soldado romano, Expedito esmaga com seu pé um corvo,enquanto segura em suas mãos uma cruz . O sentido é não deixar para amanhã o que se deve e se pode fazer hoje. O simbolismo destes santos católicos, relacionado a OGUM , aliás não poderia ser mais adequado: eles vestem uma armadura de guerra (a proteção necessária para atuar nas batalhas), São Jorge monta um cavalo branco (a purificação da cor branca). Utilizam a lança e a espada (símbolos de força e energia) e conseguem vencer as forças do mal. Assim orgulhosamente digo, sou filha e devota de OGUM, recebo força e coragem através de seu culto. O meu orixá protetor é venerado na minha casa, dedico-lhe os principais momentos de minha vida e todo dia peço sua proteção e misericórdia para minha família. Ao final de cada tarde, no meu quarto de santo fico conversando com meus orixás, e acreditem, encontro respostas para as adversidades e intolerâncias humanas, esperança para as crises que advêm, forças para as batalhas que enfrento e muita paz e amor para acalmar meu coração. Sem fé ninguém sobrevive. ''Eu encontrei a minha em OGUM.''Porto Alegre, 03 de abril de 2009.Mãe Vera Lúcia de Ogum.

Um comentário:

Unknown disse...

Estou aqui para deixar meus parabéns para Mãe Vera,cujo é minha irmã de santo e madrinha.Tenho muita admiração por ela,tanto pela pessoa, quanto pela crença que ela tem sobre seu pai, e posso dizer com toda certeza do mundo que tenho muito orgulho de fazer parte desta familia.Um abraço bem apertado de seu afilhado Tiago.